Por trás das investigações dos tentáculos do contraventor Carlinhos Cachoeira está o embate entre governo e oposição
Carlinhos Cachoeira: pivô da CPI e no meio do embate entre governo e oposição
(Celso Júnior/AE)
Começa nesta quarta-feira em Brasília a CPI do Cachoeira. A primeira
reunião de trabalho da comissão está marcada para ter início às 14
horas. Por trás da apuração dos tentáculos do contraventor Carlos
Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e de seu envolvimento com
políticos proeminentes e agentes públicos está o embate entre governo e
oposição – ambos com integrantes, de alguma maneira, sob suspeita de
envolvimento com o bicheiro.A quadrilha de Cachoeira foi desbaratada pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal (PF). Enquanto o governo quer ouvir o senador goiano Demóstenes Torres (sem partido), a oposição espera convocar os governadores do Rio de Janeiro e Distrito Federal, Sérgio Cabral (PMDB) e Agnelo Queiroz (PT).
O PT articula para envolver o maior número de nomes oposicionistas possível. Para isso, defende a convocação do governador de Goiás, o tucano Marconi Perilo, sob o argumento de que as gravações feitas pela PF revelaram as ligações dele com Cachoeira.
Braço da máfia - A construtora Delta, empreiteira com maior número de obras no PAC, também estará no centro das investigações. Na semana passada, Fernando Cavendish se afastou do comando da empresa. O ex-diretor da Delta para o Centro-Oeste, Cláudio Abreu, foi preso em Goiânia na semana passada. Segundo a polícia, ele era incumbido de tocar o braço da máfia de Cachoeira que se especializara em fazer contratos com governo. Abreu aparece em diálogos-chave do caso. Consta de uma conversa sua com Cachoeira a referência a um depósito de 1 milhão de reais para Demóstenes Torres (ex-DEM-GO). Foi com base nesse grampo que a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a quebra do sigilo bancário do senador.
É também Cláudio Abreu quem telefona a Cachoeira para dizer que iria "amarrar os bigodes" com os dois mais poderosos secretários do governador petista Agnelo Queiroz, Paulo Tadeu e Rafael Barbosa, em encontro em Brasília. "Marca uma p... com eles amanhã aqui em Goiânia. Aí eu chamo as meninas", devolve Cachoeira. Em outra gravação, Abreu discute com o araponga Dadá o pagamento de propina em troca da nomeação de um aliado da quadrilha no governo do DF. "Vamos dar R$ 20 mil pra ele e R$ 5 mil por mês, pronto! Nós vamos dar R$ 20 mil pra ele agora e R$ 5 mil por mês, entendeu?", diz Abreu.
Cláudio Abreu foi afastado da Delta em março, logo após a polícia deflagrar a Operação Monte Carlo.
Inquérito – Nesta quarta-feira, o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), vai receber a cópia do inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar as relações de Cachoeira. Composto por 40 volumes, o inquérito será entregue em cópias em papel e CDs.
A liberação da documentação para a CPI foi concedida na última sexta-feira pelo ministro Ricardo Lewandowski, relator do inquérito que tramita na Supremo para investigar as relações de Demóstenes Torres com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Conselho de Ética – Além da CPI, o Conselho de Ética do Senado investiga se houve quebra de decoro parlamentar por parte de Demóstenes Torres na relação com o contraventor. Já a Comissão de Sindicância da Câmara dos Deputados irá ouvir dois deputados, Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e Sandes Júnior (PP-GO), para apurar possíveis irregularidades nas relações deles com Cachoeira.
A presidente Dilma Rousseff tem ressaltado que a CPI é um assunto do Legislativo. Dificilmente, no entanto, o tema ficará de fora da reunião do Conselho Político do governo, a segunda deste ano, que ocorre nesta quarta, no Palácio do Planalto.
Presidente do PRTB nega envolvimento com Carlinhos Cachoeira
FONTE: Agência Brasil
BRASÍLIA - O presidente nacional e fundador do PRTB, Levy Fidelix,
negou nesta quarta-feira (2) que tenha negociado a venda de seu partido
com integrantes do esquema liderado pelo empresário de jogos ilícitos,
Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que está preso em Brasília.
Fidelix negou conhecer Cachoeira e o sargento da reserva Idalberto
Matias de Araújo, o Dadá, e classificou o episódio de “factoide”.
“Temos um grande factoide no país. Jamais ocorreu [contato com Dadá].
Dadá que conheço só o dos Trapalhões e cachoeira só Itaipu Binacional”,
disse ao confundir o nome de Dadá com os personagens Dedé Dedé Santana) e
Didi (Renato Aragão), do programa humorístico Trapalhões, veiculado
entre as décadas de 1970 e 1990 na TV Globo. “Nunca houve contato, não
há contato, não o conheço. Não posso pagar por algo que desconheço”,
destacou Fidelix.
Segundo reportagens veiculadas na última terça-feira (1º) na imprensa,
escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal revelaram a tentativa de
Carlinhos Cachoeira de comprar o PRTB em Goiás. Nas ligações gravadas
em maio de 2011, o bicheiro e Dadá falam de diversas legendas menores e
citam o nome do presidente nacional do PRTB, Levy Fidelix.
Perguntado se o seu partido estaria à venda, Fidelix disse que a sigla é
como se fosse um filho. “Sou fundador do PRTB. Ele é um filho meu. Não
vendo meu filho. Você [jornalista] venderia um filho seu? É meu filho,
meu sangue, minha carne, minha vida”, argumentou Fidelix.
Para ele, o vazamento de informações sigilosas de operações da PF visam
a atingir sua pré-candidatura à prefeitura de São Paulo. Fidelix disse
que pretende conversar com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo,
para cobrar explicações. “Já requeri uma audiência com o ministro para
que eu possa ter uma conversa política, porque isso não é caso policial,
mas político e saber dele por que a Policia Federal vazou uma citação”.
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